terça-feira, novembro 14, 2006

IDIO MATERNO - visita ao museu da lingua portuguesa - lugar praticamente insaivel! – 10/11/2006

Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura
Guimarães Rosa
A vida, Senhor Visconde, é um pisca – pisca.
A gente nasce,isto é,começa a piscar.
Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso.
É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais....
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia.
Pisca e mama ;
pisca e anda ;
pisca e brinca ;
pisca e estuda ;
pisca e ama ;
pisca e cria filhos ;
pisca e geme os reumatismos ;
por fim pisca pela última vez e morre.
-E depois que morre – perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?

(Monteiro Lobato, Memórias da Emília, 1936)

(visita ao museu da língua portuguesa)

"O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pêra, o damasco e a nêspera?" (José de Alencar) O SEU SANTO NOME

Carlos Drummond de Andrade

Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie

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