terça-feira, novembro 14, 2006

BIANAL: ARTE MODERNA. MODERNA QUANTO? – 31/10/2006

Primeiro fim de semana em São Paulo, eu fui na Bienal. Tive a mesma sensação que tenho sempre que vejo este tipo de arte: um vídeo de um gato comendo um rato, uns "legos" gigantes amontoados, fotos rabiscadas... Uma vã tentativa de situar o visitante no pensamento supostamente artístico do autor.

Do meu ponto de vista, nordestino, tradicional, cerca de 80% era algo de mensagem ininteligível. O problema então era eu, pensei. É minha concepção retrograda ou insensível da arte.

Comecei então a olhar as pessoas: no começo, todas com cara de conteúdo. E depois, vasculhando em si algo sensível para apreciar aquela arte. E depois, rindo. E no último andar onde tinha uns vídeos numas salas escuras, tinham alguns casais namorando.

E então, comecei a fazer uma retrospectiva de minha própria visão de arte.

Um dia, o homem precisou avisar que ia caçar a alguém que não estava. E deixou pintado uma gravura na parede da caverna. Estes foram os primórdios artísticos da linguagem. A necessidade de se comunicar, passar mensagens e expressar sentimentos deu origem aos mais variados tipos de linguagem que nós utilizamos: palavras, imagens, sinais de fumaça, expressões faciais. E assim a arte foi acompanhando a tendência do ser humano.

O período helenístico valorizava o ser humano e as formas, traduzindo os conflitos pelas histórias mitológicas. Na idade média, a temática religiosa e a guerra eram sempre presentes. Depois veio o homem barroco em conflito entre sacro e profano no barroco.

E assim a arte ia exercendo seu papel linguagem.

Outro dia, Sblen falou que a fotografia teve um impacto grande nas artes plásticas porque nada era mais preciso que a foto. E ao mesmo tempo, o homem que se modernizada, buscava exprimir a sua abstração, seus questionamentos filosóficos. Propuseram uma arte desconstruída, com o impressionismo, o cubismo, etc. O modernismo, a princípio, tinha uma proposta quase xenófoba de voltar os olhares para nossa cultura: chega de importar e chega de se importar. Três fases de modernismos. Era uma mensagem contundente e irreverente. Pelo menos no começo.

Voltei meu pensamento à bienal e me veio à mente o binômio do próprio nome: bienal. Sentia a arte digital. Plastificada.

Algumas eram até interessante se não fosse o excesso de informações: os pratos por exemplo. Tinham uns 4 pratos interessantes. Mas a "arte" tinha mais de 500. Fiquei imaginando o que aqueles "artistas" queriam expressar... qual é a mensagem? Qual é a linguagem? Qual é a proposta? Qual é o estilo? Que raio de estilo é aquele?

Mas isso é apenas o reflexo de nossa realidade. Vivemos num mundo onde ao bebê já nasce ganhando brinquedos com excesso de informação: muitas luzes, barulhos, e poucas texturas. As crianças tem dores por não brincarem mais além do deus computador. As comidas têm um cheiro uniforme e engordurado ou extremamente adocicado.
Arte plástica exige tato, texturas. Exige discernir entre os cheiros, tons e nuances dos sabores. Sentir é uma tênue fronteira entre as crenças e a realidade, entre a fascinação e a verdade, entre as fantasias e os fatos.

Como expressar isso na bienal? Aquilo me parece muito mais uma histeria subsidiada.

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