terça-feira, novembro 14, 2006

DINHEIRO EM BRANCO – 13/11/2006
Por: Virgulina da Conceição

Esse povo aqui do Ri de Janero tem uns palavriado isquisito mermo. Mai
o pió mermo é esses custume muderno. Duns tempo pra cá, eu teim mermo
achado que Hermezita é ansim, uma qualidade de anjo que cuida de mim
nesse mundo.

Apoi aqui nada é cuma é. Arrepare só: teim uma moça por nome de
Fravinha. Mas os pessoal só chama ela de Baiana. Vassuncê num sabe mai
ela num é nascida na Bahia. Nem ô meno criada... ela é de um lugá
chamado Brasíia. Brasíia é uma cidade que os povo fazero no oco do
Brasi. Hermezita me expilicou.

O Brasi, que é muncho maiô de grande, é pra tê um coroné, que manda
nos otro coroné tudim, qui dii presidente. Teve inté agora eleição, os
povo tudim isculhendo... Apoi um coroné desses era chamado Jucelino
Cu-de-cheque. Na minha terra, uma pessoa num pode tê nome-fei,
desrespeitoso, no nome de batismo não. Mai sabe como é essa mudernage.
Logo o nome de famía do cabra era cu-de-cheque.

Cheque é acuma um diêro em branco. A pessoa chega na venda, diz conte
qué que seja, iscrivinha o tanto, assina o nome pro baixo e pronto.
Ele vale. Teim esse e tem o tar do cartão. A pissoa abasta sabê os
numero. Num precisa nem sabê assiná o nome.

Mai é que toda veiz, a pissoa dii e paga, e ai, o tar do banco vai lá
e dá o diêro. Começaro essa moda pru causo do tanto de gaturno que tem
pru aqui. Gaturno de trabuco, cad´um trabucão que só vendo. Ontonce a
pissoa num vê nem a cor do diêro e vai só na gastança. Conde vê tá
devendo inté as calça.



Mai termina que dá pa compra tudo. Avalie conte do diêro o tar
Jucelino num tinha... era de tanto que arresorveu fazê uma cidade no
oco do mundo, inchê de gente... acho que esse de verdade alimpava a
bunda com diêro. Pelo nome, né...

1 – gaturno: ladrão
2 – trabuco: arma de fogo

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