quarta-feira, setembro 27, 2006

FUTEBOL: OS ÀSES DE OURO NA COPA DE LATA

Por: Hermengarda Batista

(Cara de pau não! Compromisso com o jornalismo!)
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O futebol, reza a lenda, é um esporte de origem inglesa. Mas criou fortes raízes, flores e frutos no Brasil. Convido os desgostosos da última copa a um passeio retrospectivo pela história do futebol.

No "século passado", sempre tinha campinhos de terra com barras improvisadas e meninos jogando, correndo atrás da bola. Os adultos, no fim de semana, gozavam do futebol na vizinhança, com os amigos. E nos estádios, era o "futebol espetáculo" para a platéia apaixonada.

O jogador fazia seus passes, suas jogadas, uma verdadeira arte.

Sempre tinha troca de jogadores entre os times. Mas os craques vestiam a camisa e faziam história: Garrincha no Botafogo, Pelé do Santos, Zico no Flamengo... Claro que tem a exceção. Rivelino era inicialmente do Corinthias e passou para o fluminense. Na primeira estréia contra seu antigo time, "deu de goleada": 3x0 para o fluminense.

Então, os "passes" dos jogadores entre clubes começaram a subir de preço. As grandes marcas começaram a dar patrocínios, fazendo marketing às custas do esporte mais popular do Brasil. E isso foi aumentado progressivamente.

Surgiram as escolinhas. É claro que o crescimento demográfico das cidades enxugava todos os oitões, terrenos baldios, áreas abertas. Mas também era cada vez mais evidente a visão do futebol como carreira profissional, cada dia mais valorizada, hoje em dia, mais que, por exemplo médico e advogado.

Os passes (de bola) e as jogadas eram cada vez mais justas, com marcação cada vez mais cerrada. A vitória é mais bem paga do que com a alegria da torcida homenageada com belas jogadas. Enquanto o futebol perdia sua função social de "confraternizar", ganhava mais valor no mercado.

Até chegarmos à atual conjuntura, onde as grandes marcas lidam com os jogadores com tal propriedade que, por exemplo, Ronaldo, ilusoriamente chamado "fenônemo", começou a tratar seus belísimos dentes e o tratamento foi suspenso. A imagem que a nike comprou continha aqueles dentinhos. É um preço milionário, e por isso vale a pena.

A copa começou. A cada segundo era uma propaganda, um outdoor, uma vinheta. Deu para ter uma noção da suntuosidade do dinheiro que se movimenta. Tudo tinha propaganda: bancos, bebidas, artigos esportivos, cartões de crédito, camisas... Até sorvete da McDonald foi lançado!

Os próprios jogadores, além dos salários fixos, eram garotos propaganda de uma infinidade de coisas.

Realmente não sei o que decide a copa. Mas sei que futebol é a única coisa que sei que não é. Pode ter jogos definidos em 15 minutos, resultados surpreendentes. Mas meu olhar despido do súbito patriotismo fanático enxerga muitas manipulações.

Nosso time, tão cheio de astros e fenômenos, jogou mal em todos os jogos, inclusive nos que ganhou. E por fim terminou perdendo. Na outra copa que perdemos, a desculpa da convulsão de Ronaldo foi mais ágil. Agora, muitos dias depois nos chegam desculpas que fulano operou o joelho, beltrano teve contusão nos chifres, etc...

Mas o fato é que nem tentaram disfarçar muito. Ao contrário do pesar dos demais brasileiros, nossos astros comemoraram: o outro amarrou o sapato na hora do gol, Ronaldinho gaúcho fez festa em casa, outro comprou um caríssimo carro novo.
Engraçado é que Dida, o jogador que mais trabalhou durante a copa foi também o que menos apareceu nas propagandas. Quanto terá sido o preço de Dida? Quanto custa nosso patriotismo? Quanto demora para acreditarmos novamente?

Termino com o depoimento de Fernanda Montenegro sobre o que ela achara do fim de sua personagem "Bia Falcão" que cometeu muitas atrocidades, saiu impunemente rica com o namorado da única amiga que não lhe virou as costas: " Isso foi um pedido do público. A vilã só seria punida numa novela de 20 anos atrás".

Como era o futebol de 20 anos atrás?

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