quarta-feira, setembro 27, 2006

Apenas um Segundo

por: alexandre magalhães

Sexta feira, 05 de Maio de 2006, uma tarde bonita e comum, caminhamos displicentemente pelas ruas do bairro, a meta é o mercado, onde as necessidades básicas para as "comilancinhas" do fim de semana nos esperam, conversamos amenidades quando um barulho nos rouba a atenção, uma freada brusca e um carro explode sua dianteira bem no meio de uma motocicleta, um corpo jovem e bem vestido parece flutuar no ar, dando piruetas, como um acrobata num picadeiro.

Tenho uma reação inesperada, me viro e escondo os olhos da cena, como se o simples fato de esconder o olhar, fosse mudar a terrível realidade, meu filho me chama e corremos para dar os primeiros socorros, corro para frente do carro já a espera de ver um corpo desfigurado, que para espanto não encontro, nos olhamos surpresos e vemos o homem em pé na calçada, com aquela cara de quem não sabe o que lhe aconteceu. Imediatamente o coloco deitado imóvel, ele não aparenta ter fraturas ou sangramentos externos, chamo a ambulância dos bombeiros e fico conversando com ele, lhe dando conforto e segurança. Seu nome é Jorge e acabou de sair de casa para encontrar-se com a namorada, me disse que jamais tinha feito esse caminho, mais que hoje, por algum motivo fútil, tinha escolhido ao acaso aquela rua, liguei para a sua irmã e comuniquei o ocorrido, e minha vida segui em frente, rumo ao mercado.

Hoje, refletindo sobre o ocorrido, fiquei pensando no moral da estória se é que toda estória tem realmente uma moral, mas percebi que deveria viver com mais qualidade e intensidade, devia abraçar meus filhos com mais freqüência e dizer todos os dias o quanto eles são importantes para mim, devia estar mais próximo da minha irmã, devia amar minha namorada como se ele fosse embora amanha, ligar para os meus amigos somente para dizer que esta tudo bem e que sinto a falta deles, devia escalar mais, ver mais pores do Sol, Luas cheias, estrelas cadentes, devia perdoar os erros dos outros e mais importante ainda, devia perdoar os meus próprios erros e me permitir se mais feliz. Porque em apenas um segundo você passa de um jovem feliz com o vento batendo no rosto, num corpo inerte que da voltas no ar.

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