quarta-feira, setembro 27, 2006

ALEA JACTA EST

"se eu quiser falar com Deus tenho que me aventurar ... caminhar decidido pela estrada que ao findar vai dar em nada (nada nada nada...) do que eu pensava encontrar" (GG)

"Alea jacta est": disse Julio César há anos atrás. Referia que a sorte que estava (e sempre esteve) lançada – ninguém sabe aonde... Esta expressão foi consagrada como uma importante decisão, tomada após complexa reflexão, cercada de riscos, onde não há mais como voltar atrás. Concluo, portanto, que fala da vida. Cada momento, novo, irreversível, alguns irremediáveis, outros simplesmente em andamento, dinâmicos como tudo na vida. Todos os dias, a sorte está lançada.

Levando a palavra ao francês, "sortie" seria saída. E não deixa de ser sorte uma saída boa de uma situação qualquer. Enquanto sorte seria, em francês, "chance". Miscigenando as duas línguas, como boa brasileira, eu concordaria mais uma vez que a chance não deixa de andar junto da sorte.

Seria uma grande sorte ter uma chance de encontrar outras saídas.

Viver, em seu eterno mistério, é continuamente esquecer-se de que a sorte está sempre lançada sem que nunca se saiba onde. Mesmo quando se acha que não se precisa dela. É o caminhar sem saber o que ou quem se vai encontrar.

O ser humano, destituído de presas ou garras, criou defesas subjetivas, imaginárias. Heis que estas, por fim, tornaram-se mais fortes do que as do leão, do tigre e do jacaré. Todos estes, hoje em dia, em risco de perder seu habitat para o animal mais biologicamente vulnerável, com filhote de crescimento lento, que vive a conjecturar e elocubrar sobre o que nem se sabe ao certo se existe ou não.

Muito embora nunca se possa voltar atrás (é que o tempo não permite), nenhuma decisão é irrevogável na vida, além da morte. Mas em geral ela não é literalmente uma decisão. Tudo muda – inevitavelmente. Mas no jogo de mudar de ponto de vista, continuo sem saber bem porque os seres humanos, tão biologicamente frágeis, potencializam tanto sua capacidade de criar e alimentar problemas, sofrimentos. Curiosamente ainda mais quando pensa que o está driblando.

Eis que a sorte foi lançada – ninguém sabe aonde. E de fato, existem mil saídas – mas nem todas chegam lá. Quantas chances...

Texto editado em 15 de julho de 2001, por Danielle Rodrigues, reatualizado 27 de março de 2006, por Hermengarda Batista.

"decidi começar a viver já que você não me quer mais" (RR)

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