prisioneira sem grades
por Alexandre Gamalhães.
A galeria dos medos é escura e enorme, em cada porta um receio ou um pavor, algumas estão apenas entreabertas, outras estiveram sempre fechadas, cofres a guardar medos como se tesouros fossem.
Uma vez descobri em mim uma dessas portas, o medo já existia antes mesmo de se chegar a ela, ficava num canto bem escuro, recém descoberto em mim, um dia, resolvi me aproximar e fiquei do lado de fora, tentando perceber o que podia existir além, nenhum som, nenhuma luz, nada parecia viver depois daquela porta, e foi então com muito medo que resolvi abrir-la.
Girei a maçaneta com todo o cuidado e bem de mansinho fui abrindo a porta, sem entrar, percebi que se tratava de um ambiente totalmente desconhecido em mim, era um quarto, escuro e empoeirado, fui entrando com extrema cautela, aos poucos meus olhos se acostumaram com o escuro e passei a enxergar melhor aquele novo interior, achei um pequeno e velho abajur que exigido, para a minha surpresa funcionou, aquela pequena luz aos poucos revelava um lugar que devia ter sido bonito um dia, moveis antigos, quadros, fotografias e lembranças há tanto esquecidas, emocionado me retirei, mas ao sair deixei a porta apenas encostada.
Fiz promessas de voltar aquele quarto e para meu espanto, voltei, e a cada volta descobria coisas novas, uma luz mais forte, um bom livro, um vaso com agua, uma sandália, coisas boas e comuns, levei vassouras e baldes e comecei uma limpeza geral, tirei poeiras milenárias, lavei, limpei, abri e esfreguei, descobri uma janela que dava para um jardin, maltratado e esquecido, e lá num canto escuro do jardim, descobri outra porta...
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