quinta-feira, setembro 28, 2006

ANIVERSÁRIO DE VILÃO

Homenagem de Dani ao pai de Hermengarda, de "feliz aniversário".
Termos de vilão foram grafados aspeados.

Apresento à colônia sideral o meu querido vilão.

O grande e inexorável vilão é uma entidade humanizada anterior ao "sideral". Sua origem desconsidera à formação do mundo dividido em sólidas fronteiras entre o bem e o mal, o certo e o errado, o vivo e o adormecido.

Enquanto a colônia faz dez anos, o vilão completa "meio século e um ano". Há quase dez anos, surgiu o vilão, insituindo um universo paralelo, de bruxas, anjos e vilões, politicamente correto, decididamente controverso. Ensinava como trafegar, equilibrando-se nas ruínas do mundo novo, brincando de viver, entre as reclamações das bruxas, o delírio dos anjos: sob o domínio do vilão.

Atemporal aos prazos, alheio às convenções, o vilão discutia as instituições, sob as vistas do mosteiro. Eu, sentada na grade da janela, via, em palavras vivas, a construção histórica das entidades sociais. Tudo para eu adequar-me melhor a elas, enquanto ele mesmo insiste, sempre, em passar ao largo.

As veias da garganta sempre "falam" mais alto que a voz rouca. Sem abrir mão de seus argumentos, nem concorda nem discorda, apenas deliberadamente entrega-se ao gozo da dialética. Ou cála, enquanto nos guia pelos caminhos tortuosos de seus "jardins" seculares. Boné na cabeça, cigarro na boca, tênis no pé, com patrocínio do seu daltonismo, combina surrealmente as estampas e cores. Eu seguia o vilão, enquanto ele desarrumava e dissolvia as minhas certezas sólidas.

Autonomia: explica a etmologia, a função, a disparidade do real.Filosofia: mil formas. Figuras de referências, todas explicadas e desmistificadas. Andamos pelas ladeiras de Olinda, com Garcia Marques. Experimentar licor de graça, ficar os dois bêbados e pagar o café.

Quem conhece, sabe. Meu vilão tão único, enxerga a pluridimensionalidade do mundo e "das tantas marcas de gentes" que moram nele. Aliás, mora neste mundo por acaso. É claro que o vilão também não é sideral! Imagina se ele tem algum conceito fixo em algum lugar comum...
Inexorável, polipresente, mesmo lá de longe, fica aqui sentando, com uma perna da calça maior que a outra, de ropão e chapéu, meias brancas e havaianas, com aqueles mesmos óculos, aquele sorriso de vilão, conversando bem aqui "no meu perto".

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