domingo, julho 04, 2010

Maradona e Michael Jackson: contra a lei da gravidade

Por: Hermengarda Rodrigues Cavalcanti

A Argentina também perdeu a copa!

Assim perdemos a oportunidade de ver Maradona correndo nu, conforme o aviso prévio dele. Muito embora houvesse muitas convicções que a nudez seria em vão, haja vista não seria possível visualizar o objeto máximo da nudez masculina, em virtude das condições da barriga da referida figura polêmica.

Aqui no Brasil, não conhecia ninguém, homem ou mulher, que quisesse ver tal cena. No entanto, a despeito da barriga, do pó, das declarações, do “layout” e das posturas, o técnico argentino é verdadeiramente idolatrado em seu país.

Além de ter uma estátua de Maradona, ainda há uma igreja, cujo pódio religioso é ocupado pelo próprio. De forma que, em caso dele correr nu, ao invés de loucura ou atentado ao pudor, seria um nu, mais que histórico, seria um nu sagrado.

Anteriormente, tínhamos heróis e mártires. Na Argentina, além da estátua de Maradona, tem a estátua de San Martin, o libertador do Plata. Os heróis eram geralmente generais ou grandes guerreiros, como Che Guevara. E os mártires, líderes religiosos, geralmente assassinados pela causa, como Jesus e Gandhi.

As guerras mudaram hoje em dia. Os generais mandam a distância, dos soldados não resta quase nada e a população é totalmente massacrada. O mundo “politicamente correto” não pode aceitar tais coisas. Então, mudaram-se os heróis.

Hoje em dia, as “celebridades” buscam escandalizar as suas vidas pessoais para se manter em foco. Hugh Grant, por exemplo, ficou muito mais famoso depois de ter sido pego e preso por atentando ao pudor, com uma prostituta, que depois de presa, passou do anonimato para a fama, ainda que fugaz.

Para se manter em foco e nutrir o escândalo, nada melhor do que comportamentos deploráveis. Vamos então a outro herói, este mundial, que tem estátua até no Rio de Janeiro: Michael Jackson.

Iniciou nos Jackson Five com os irmãos, anunciou, junto com a irmã, que era abusado pelo pai desde criança. Começou carreira “solo”. E no auge do sucesso, anunciou ter vitiligo. Mas era um vitiligo tão célebre que foi o único caso que tomou o corpo todo, inclusive os cabelos e o DNA.

O DNA também, haja vista os 3 filhos, de barriga de aluguel, são os 3 brancos e com nomes totalmente surreais. Eu custei a acreditar que alguém pusesse no filho o nome de Prince Michael. Os outros dois, também são brancos até no nome: Blanket e Paris.

E um deles inclusive, pegou o vitiligo do DNA do pai.

Sentindo-se o próprio Peter Pan, morava numa mansão chamada “terra do nunca”, onde, por coincidência, foi acusado de pedofilia, processado e não foi condenado – isso não é privilégio só nosso. Ricos não podem ser presos, são apenas excêntricos e tem problemas de família!

Aos 50 anos, ele era um ser híbrido, com um nariz irrespirável, os cabelos inegavelmente pretos e lisos, praticamente um avatar branco. Segundo os que o viram de perto, não andava, deslizava, como se não estivesse subordinado à lei da gravidade.

Apesar de milionário, conseguiu falir. E apesar de falido, vivia com tanto luxo que tinha um médico particular, tão bem remunerado que participou do “evento” de sua morte. Foi uma espécie de suicídio aos 50 anos de alguém que não aceitava ser negro nem ficar velho.

Mesmo sabendo que seria cassado profissionalmente, o médico de Jackson, depois de tudo o que assistiu na vida, confiou na verdade absoluta que os muito ricos são inimputáveis. E até agora, só pode se concluir que ele teve razão.

Depois de morto, fez mais sucesso que em toda a sua vida. Dois dias depois de sua morte, já tinha sua biografia traduzida em português para vender em todas as livrarias. Com um mês de sua morte, ele teria pago as dívidas e estaria mais rico que em toda a sua vida.

Um ano depois de sua morte, inauguram-se estátuas e fazem tributo, apresentaram fragmentos do show que ele preparava antes de ser assassinado. Assassinado mesmo, claro! Qualquer outro mortal teria se suicidado ou morrido por overdose e dependência química.

Mas Jackson foi “impunemente assassinado”, como convém aos heróis.

Ontem, quando a Argentina perdeu da Alemanha, eu imaginei que soltaram os fogos que haviam sido comprados no otimismo do “hexa”. Mas ao longo do dia, pude observar que a alegria de ver a derrota da Argentina era mais intensa do que a alegria do Brasil ganhar do Chile.

Maradona monopolizou as conversas de todos os grupos. Todo mundo torcia contra ele, viram as caras dele em cada gol, citavam comentários com muito mais detalhes que os de Dunga.

Observa-se pois que a mídia promove idéias, que aspiramos como se fossem oxigênio. E passam então a fazer parte de nossa corrente sanguínea. Provando que leis constitucionais da mídia, assim com Michael Jackson, sobrepõe-se inclusive à lei da gravidade.

Nada mais no mundo é grave aos olhos da mídia.

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