sexta-feira, julho 02, 2010

Imposto ou Facultativo?

imposto ou facultativo?

por: hermengarda cavalcanti

Mulher foi assaltada dentro da delegacia no interior de São Paulo.

A vítima foi dar queixa de clonagem de celular e, enquanto estava dentro da delegacia, entrou um homem, portador de imensa cara de pau, e pediu a bolsa. Sentindo-se resguardada por estar dentro de uma delegacia, praticamente se degladiou com o ladrão.

Na impossibilidade de domá-lo, já que, por mais que parecesse, não era um desenho animado, ela jogou a bolsa para dentro do balcão de atendimento, ao lado de outros funcionários da delegacia, que fungiram continuar não vendo nada.

O ladrão pulou o balcão, pegou a bolsa ao lado de outros funcionários na delegacia, incluindo o escrivão – cuja tarefa é apenas escrever, creio eu. E saltou o balcão novamente. Acho que estas manobras devem ter sido difíceis de não serem vistas, mas ninguém viu...

Depois do segundo salto do balcão, a vítima, já no faroeste, pendura-se no assaltante tentando impedir que leve sua bolsa com 13 mil reais dentro. Então, o ladrão fala para seu comparsa, também dentro da delegacia, mas cujo cargo ainda não foi informado: “atira nela”.

Sem dúvida alguma de que seria morta na delegacia, e, diante do andar da carruagem, seu corpo baleado iria para o velho oeste, ela solta a bolsa. Poucos minutos depois, deixaram a bolsa nas imediações de onde deveria ser a delegacia, apenas sem o dinheiro.

O delegado, que não quis ser identificado, confirma a história tal qual a vítima, só não disse qual foi o seu percentual dos 13 mil. O escrivão disse que não interviu porque achou que era uma briga de marido e mulher.

E como lá não era uma delegacia da mulher (talvez fosse delegacia do homem), provavelmente, se o cara quisesse matar a mulher de tiro quando disse “atira nela”, ele estava mais do que acobertado. Depois, o fantasma feminino que fosse dar queixa em outra delegacia mais espcializada.

Além do que, ele é escrivão, e sua função é só escrever...

E a mulher relata ao fim que pensou: “vou reclamar a quem que fui roubada dentro de uma delegacia? Ao bispo?”

Esta situação é emblemática de nossa realidade. Agora em abril pagamos, todos revoltados, 27,5% do nosso salário de imposto. Não conheço ninguém feliz de pagar seus impostos! Até conheço quem fique feliz de votar. Mas de pagar impostos, nunca vi!

Todo mundo tem que pagar IPVA. Andamos em vias públicas, que, ainda dentro da cidade, são simulações bastante próximas da cratera lunar. E assim, elas, mais que o tempo, esculhambam rapidamente nossos carros, antes mesmo que terminemos suas longas prestações.

Abastecemos em postos de combustível adulterado, a despeito da bandeira que ostentem. Todo e qualquer posto precisa da “autorização das autoridades” para funcionar. Para funcionar! Mas fiscalizar já é outra coisa! Só fazem isso quando precisam arrecadar verbas extras...

A saúde pública está cada dia mais chocante!

Escutei um desabafo chocante de um amigo plantonista sobre a dificuldade chegar ao paciente a ser examinado pela quantidade de macas no caminho. Quando chegou, o prontuário estava perdido.

E citou, suado e tenso, a situação nada hipotética da família implorando ao médico que passava no local que desse o atestado de óbito do seu morto, cujo prontuário também houvera sido perdido. E o gestor do hospital alegando que os médicos estão enrolando o trabalho...

Seria melhor falar assim: enrolados no trabalho.

Enquanto isso, outro gestor, o governador, inaugura, em ano de campanha, hospitais de alta complexidade, que, pela falta de médico (um pequeno detalhe para o funcionamento do hospital) tem tratado apenas entorses.

Pagamos para ter manutenção da cidade.

O policiamento, já foi devidamente citado acima. O saneamento torna-se literalmente evidente após uma noite de chuva pelas ruas. E dependo da chuva, torna-se evidente pelos morros que vem abaixo.

Estes morros, mesmo condenados por técnicos, a exemplo do morro do bumba, na falta de um programa habitacional eficiente, continuam a ser invadidos pela população totalmente alheia a estas informações.

E continuam a ser estabilizados pelas “autoridades”, totalmente conscientes destas informações. Oficializam as favelas com muros de arrimo, com capas de plástico para evitar a infiltração da água da chuva e premiados com linhas de ônibus para os cidadãos que “optam” por viverem empoleirados.

É obvio que o transporte publico não sobe exatamente, haja vista pode precipitar o desabamento. Mas passa lá perto. E a função do transporte público é exatamente passar perto, passar cheio, passar atrasado, passar mal passado, enfim...

E os impostos para a educação são formalmente utilizados de forma a que a população continue ignorante e votando regularmente. E se deslumbre com as obras faraônicas ou as de campanha.

Só mesmo tantos desinvestimentos na educação para garantirem que, em plena votação de tantas leis importantes no congresso, tanta falcatrua descoberta, as pessoas só discutem a escalação da copa e o fim da novela que teve pouca audiência.

Imagine se a audiência estivesse boa!?

Alem dos impostos, temos ainda que pagar as taxas de manutenção de luz, água, bombeiros, dentre outros. Taxas que obviamente, não são descontadas no imposto de renda. Se pagamos as taxas, especificamente, me pergunto aonde vão os impostos?

Considerando que só a partir de uma dada renda que se paga imposto. E a partir desta mesma renda, a população, insegura, paga plano de saúde, seguro de carro, escola para filho, faculdade, curso de especialização, paga segurança privada, segundo de vida e aposentadoria privada, dentre outros...

Eu pergunto: se fosse “facultativo” ao invés de “imposto”?

Pagassemos apenas o serviço que já pagamos à iniciativa privada e não contássemos mais, declaradamente, com o que não temos? Sem a revolta da expectativa justa e frusta?

Sem pagar os impostos, só os facultativos... quem ia sustentar nossas “autoridades”?

Além de nós, alguém ia ter que trabalhar!

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