sábado, janeiro 30, 2010

os sem padrões do amor

Tanto se fala de amor, mas atire a primeira pedra aquele que sabe amar!

Tem gente que diz que “ama demais” e transpassa com sonhos o ser amado. Tem muita gente dizendo que morre de amor, mas pouca gente vive com ele. Ele se confunde com posse, com medo de solidão, com ilusão.

Lá vai o coitado do amor, preso em conceitos sólidos, controlado, dominado, aterrorizado, desnutrido, sem apoio ou incentivo, desacreditado.

Porque no dia a dia, na noite a noite, todo mundo duvida que exista amor. E quando ele for irremediadamente comprovado, duvida-se que ele dure...

É mais fácil ver o sonho do que o amor. Tudo deve se encaixar no sonho: no seu ou no alheio, você e todo mundo. Enquanto o sonho está lá no imaginário. E às vezes, o sonho chega. Mas o risco dele não caber na gente é imenso.

Como o cachorro que corre atrás do carro. E ai o carro pára. Aquele carro parado não significa nada para o cão. Não interage, não fala, não acrescenta, não constrói, não amedronta, não acalenta.

É apenas um sonho parado.

Ai alegam: o sonho precisa estar sempre adiante para que a gente esteja sempre correndo atrás dele. Porque é preciso que o sonho seja sempre inatingível, para que o amor não acabe.

Neste momento, o amor virou o descompasso da ansiedade, da espera de algo que nem se sabe o que é.

O que eu desejo? Quais são meus sonhos?

Guardo sonhos impossíveis, como voar. E ai não paro de sonhar. Um belo dia, meu sonho chegou, e eu não acreditei. Tive medo. Fugi. Pintei de defeitos. Eu não queria aquele sonho? Fiquei com medo dele não caber em mim, ou eu não caber nele.

Era melhor continuar no hábito de tentar adaptar a realidade. Pelo menos isso eu sempre soube fazer. É tão difícil acreditar no sonho real, na realidade fácil...

Guardo em mim, ao lado dos sonhos impossibilitados, o vazio de não saber encantar o possível. O vazio de não saber ser feliz na realidade, de continuar inventando sonhos para mobilizar o desejo.

O desejo está ali: palpável. Não precisar inventar sonhos... O desejo está ali, basta ver... Seria lícito uma realidade fácil neste mundo alucinado? A felicidade é lícita? Quem tem direito a ser feliz?

Quando é que o amor deu certo? O amor que durou a vida toda ou o que teve eco na alma? O amor que complementou? Quanto tempo o amor tem obrigação de durar?

E nestas considerações sobre a ilegalidade do amor, eu temia o futuro, sem perceber que temia muito mais o presente...

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial