segunda-feira, maio 25, 2009

BRASILIA FARAÔNICA

Esta semana fui a Brasília, para uma reunião. E nunca consigo ir lá sem ficar chocada com aquela cidade. A isso, me refiro ao plano piloto, porque as cidades satélites são ótimas e vivas como outra cidade qualquer.

Mas o plano piloto soa estranho no âmago do meu coração. Algo em torno de um mausoléu egípcio de cidade, com construções faraônicas fora dos padrões jamais vistos (por mim, pelo menos) tornando as pessoas, que para mim são a alma da cidade, detalhes quase inexpressivas diante da magnitude e suntuosidade.

E então, eu descubro que ela é exatamente uma cidade faraônica. Voltemos ao Egito, há algo em torno de 4000 anos antes de Cristo. Na dinastia XVIII, Tutmes deveria ser o faraó e seu irmão, Amenófis IV, foi criado para ser sacerdote. Heis que Tutmes morre antes e Ameonófis herdaria o trono.

Neste momento, fazendo-se valer do ditado que diz que “quem disso usa, disso cuida”, resolveu mudar a religião politeísta para monoteísta, e com isso, tirar o poder político das mãos dos sacerdotes, sobretudo dos sacerdotes do deus Amon da cidade de Tebas.

Para isso, ele teve um sonho (provavelmente acordado e lúcido), onde o Egito teria apenas um único deus, Aton, obviamente personificado na figura do novo faraó. E a capital se mudaraia para uma cidade, que conforme a ordem onírica, seria no centro geográfico do Egito, entre Mênfis e Tebas, nas margens direitas do Nilo, em forma de pássaro, a Ibis, com as asas abertas, se chamaria Akhetaton. Atualmente estas ruínas são chamadas Amarna.

A proposta era ter uma arquitetura inovadora, e ser uma cidade planejada. Construída em 4 anos (igual a nossa capital) , a cidade se caracterizava por grandes avenidas, sendo a maior delas, cortava a cidade de norte a sul. Os altos funcionários possuíam quintas com grandes jardins (bairro das mansões). Havia um setor para a classe média e outro para os trabalhadores “mais modestos”.

Na cabeça do pássaro, teria uma pirâmide arredondada (biblioteca?) e um templo, que, ao contrário das antigas pirâmides com reentrâncias ocultas e misteriosas, seria iluminada pelo sol, num espaço aberto, com o teto aberto. E ainda o primeiro lago artificial do mundo, o lago Moeris, construído desviando as águas do rio Nilo, para amenizar o clima desértico da cidade.

No século passado, para a construção de Brasília, fez-se um concurso. O projeto mais "original" foi selecionado. Lucio Costa, o vencedor, alegando que não queria concorrer, apresentou uns rabiscos de seu projeto, bastante parecida com a antiga cidade egípcia, alegando “para se desvencilhar de uma solucao que não foi procurada, mas já surgiu pronta” – bastante honesto neste comentário.

Então, Oscar Niemeyer, mais um comunista rico, praticamente imortal, que ficou mundialmente famoso por sua arquitetura inovadora para construções de prédios públicos e residenciais, mora numa casa colonial.

E na proposta de construir uma cidade super-moderna e original, alem do plano piloto em forma de avião como a íbis egípcia, constrói os famosos prédios públicos nada originais. O teatro nacional, cujo espetáculo principal é ele mesmo, considerado o "meio monumento piramidal de Brasília" seria a pirâmide de Keops, com seus muitos labirintos.

A rodoviaraia em forma de H deitado representa o homem mortal e o congresso nacional, em forma de H em pé, o homem imortal. As duas conchas, côncava e convexa, para captar a energia cósmica e telúrica. Ao lado dele, o centro de convenções, em forma de U, simboliza a atração do imã, tem a estrutura das tumbas egípcias.

A esplanada dos ministérios é muito semelhante às avenida de Aketaton e o lago Paranoá, quer seria a versão brasileira do lago Moeris - também artificial. E o edifício bittar II seria a tumba do faraó Ramses II.

O que nosso presidente bossa nova não previu foi que a maldição o acompanharia. Assim como Akineton, JK também era conhecido por sua personalidade pacifista e ligada as artes, descuidado aspectos práticos da administração. A nação ficou endividada e frágil e, após 16 anos da construção das suas respectivas cidades, ambos tiveram mortes trágicas e misteriosas.

Aketaton foi destruída após a morte de seu idealizador. E Brasília, assim como o centenário Niemeyer, permanece viva, a despeito de toda a incoerência filosófica, toda a falta de originalidade e todos os pactos em prol da manutenção do poder. Assim, abriga a justiça, que não é só cega, mas surda, muda, paralítica e demenciada.

Hasta la vista!

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